Um Domingo No Resbalo

Tradição e humor campeiro em “Um Domingo No Resbalo”

Em “Um Domingo No Resbalo”, Telmo de Lima Freitas utiliza humor irônico e naturalidade para retratar as confusões e brigas típicas do interior gaúcho. A música transforma um episódio de violência em uma narrativa leve e divertida, destacando o espírito descontraído do universo campeiro. O artista faz uma crítica sutil à cultura de valentia e rivalidade, comuns no cotidiano rural, ao narrar as situações com um olhar quase caricatural. Um exemplo disso é quando o narrador descreve o cavalo “rinhando, ergueu a cabeça, escarceando de faceiro”, humanizando o animal e ampliando o tom cômico da cena.

O uso de expressões regionais como “bochincho”, “daga”, “piruada” e “galo deste rinhadeiro” reforça a autenticidade do ambiente rural e aproxima o ouvinte das tradições do Rio Grande do Sul, elemento central na obra de Telmo. A letra mostra como, em um típico domingo no campo, a diversão pode rapidamente se transformar em disputa, mas sempre com leveza. O narrador, que se orgulha de sua experiência em “bater aço com aço”, encara as brigas como parte natural da vida campeira, sem se levar a sério, como no verso “O culpado não fui eu de fazer esse estropício, desde piá tive por vício de sair campear bochincho”. Ao final, a fuga do protagonista e a menção ao comissário que ainda o procura reforçam o tom de crônica humorística, onde a transgressão vira motivo de riso. Assim, a música celebra, com autenticidade e bom humor, as pequenas grandes histórias do interior gaúcho.