Vale Tudo - Brasil

Crítica social e pertencimento em “Vale Tudo - Brasil”

A música “Vale Tudo - Brasil”, eternizada na voz de Gal Costa, é marcada por uma crítica direta e irônica à realidade social e política do Brasil. Logo no início, versos como “Não me convidaram pra essa festa pobre que os homens armaram pra me convencer” deixam claro o sentimento de exclusão do cidadão comum, que não participa das decisões importantes, mas é obrigado a lidar com as consequências de um sistema já corrompido. O contexto de criação da música, que surgiu para abordar escândalos financeiros e a impunidade, aparece em trechos como “Não me elegeram chefe de nada / O meu cartão de crédito é uma navalha”, mostrando como o acesso ao poder e ao consumo é restrito e até perigoso para a maioria da população.

O refrão “Brasil, mostra tua cara / Quero ver quem paga pra gente ficar assim” desafia o país a se revelar e cobrar responsabilidade pelas injustiças sociais. A ironia se intensifica em versos como “Não me sortearam a garota do Fantástico / Não me subornaram / Será que é o meu fim?”, criticando a cultura do privilégio, do suborno e a alienação promovida pela mídia. O trecho “Ver TV a cores na taba de um índio / Programada pra só dizer sim” denuncia a imposição de valores e a passividade diante da manipulação. Apesar do tom crítico, a música termina com um sentimento de pertencimento: “Grande pátria desimportante / Em nenhum instante eu vou te trair”, mostrando que, mesmo decepcionado, o vínculo com o país permanece. A escolha da canção como tema de “Vale Tudo” e sua presença no remake de 2025 reforçam sua atualidade e a força de sua mensagem.