Os Olhos de Marianita

Brincadeira e tradição em “Os Olhos de Marianita”

A canção muda a cor dos olhos de Marianita sem explicar por quê, abrindo espaço para a fantasia e o jogo de opostos. O refrão “ai sim, Marianita, ai sim / ai não, Marianita, ai não” funciona como chamado e resposta que treinam atenção, ritmo e espírito de grupo. As comparações “verdes cor do limão” e “pretos cor do carvão” são fórmulas simples e marcantes: aproximam cores vivas e escuras para estimular a imaginação, não para fixar um retrato. Essa alternância sugere diversidade e variação de humor, além de virar um exercício de linguagem que as crianças repetem com prazer. A repetição previsível, típica de cantiga de roda, convida todos a entrar e responder no tempo certo.

Quando a letra diz “Marianita não sabe / jogar o peão no chão”, nasce uma mini-história de aprendizagem que se resolve com a dica direta: “Assim, Marianita / enrola e puxa o cordão”. O gesto ensinado e a sequência “Lá vai / rodou, rodou, rodou” encenam incentivo e a alegria de brincar, culminando no sucesso compartilhado. Ao mencionar o pião, a música liga a infância de hoje às brincadeiras tradicionais de outras gerações, reforçando sua função cultural. Não por acaso, “Os Olhos de Marianita” circula amplamente como cantiga infantil no Brasil e ecoa o folclore português, com registros de origem possivelmente alentejana, sendo lembrada por Cecília Meireles em textos sobre folclore. Sua estrutura repetitiva, com metáforas acessíveis, torna a canção eficaz para o desenvolvimento linguístico e cognitivo enquanto preserva a memória lúdica do país.