Da Pacem Domine

“Da Pacem Domine”: súplica templária por paz e amparo

Este pedido de paz nasce no vocabulário da guerra: “quia non est alius qui pugnet pro nobis nisi Tu Deus noster” (pois não há outro que combata por nós a não ser Tu, nosso Deus). Ao pedir calma, a antífona afirma que é Deus — não a força humana — quem trava a batalha, ecoando 2Cr 20,12-15 (“a batalha não é vossa, mas de Deus”) e explicando por que os Cavaleiros Templários a entoavam antes do combate. Em “Da Pacem Domine”, de origem gregoriana (séculos VI–VII), o refrão-invocação “Da pacem, Domine, in diebus nostris” (concede a paz, Senhor, em nossos dias) define o tema central: a paz como dom e proteção, não como conquista. As estrofes intercessórias citam o Salmo 122: “Fiat pax in virtute tua: et abundantia in turribus tuis / Rogate quae ad pacem sunt Jerusalem…” (haja paz em tua fortaleza e abundância nas tuas torres / orem pela paz de Jerusalém…). “Turribus” (torres) figura segurança e estabilidade; “Jerusalem” pode ser a cidade real e, simbolicamente, a comunidade do povo de Deus. O latim reforça solenidade e universalidade; não por acaso, Arvo Pärt retomou esta oração em 2004, em memória das vítimas de Madri.

A estrutura é cumulativa: invocação “Da pacem, Domine” (concede a paz, Senhor); intercessão “Propter fratres meos… loquebar pacem de te / Propter domum Domini… quaesivi bona tibi” (por causa dos meus irmãos e amigos, eu dizia: paz para ti / por causa da casa do Senhor, busquei o teu bem); e doxologia “Gloria Patri… Amen” (glória ao Pai... amém). A repetição orienta a escuta como meditação lenta, que cultiva calma e esperança. Nesse ciclo, “qui pugnet pro nobis” (que combata por nós) admite dupla leitura: amparo em conflitos concretos e luta espiritual contínua confiada à “virtus” (força) de Deus. A interpretação de Templar Chant reaviva a dimensão histórica e espiritual do canto, mantendo o eixo teológico simples e firme: pedir paz a quem pode concedê-la e defendê-la.