Mercado

Solidão e memórias cotidianas em "Mercado" do Terno Rei

Em "Mercado", Terno Rei transforma uma situação comum — um encontro casual na seção de frutas de um mercado — em um retrato sensível de introspecção e melancolia. O narrador, descrito como alguém "quieto a ouvir" e com "os olhos apontados para baixo", sempre usando fones de ouvido, transmite um sentimento de isolamento e dificuldade de se conectar, mesmo em momentos rotineiros. Esse cenário simples serve como ponto de partida para reflexões sobre memórias e emoções confusas, evidenciado no verso "Da última vez que eu chorei, não sei se foi de felicidade". Aqui, a música mostra como lembranças podem ser ambíguas e carregadas de sentimentos contraditórios.

A repetição do desejo por "ventos que me levem para qualquer lugar" revela uma vontade de fuga ou de mudança, sugerindo que o narrador está aberto a ser levado pelas circunstâncias, sem um destino definido. Esse sentimento se intensifica com "Sonhos, acordei e te vi desaguar / Com tanta velocidade", indicando que sonhos e emoções passam rápido demais para serem plenamente vividos. O verso "foi melhor deixar" traz um tom de resignação, mostrando a aceitação de que algumas coisas precisam ser deixadas para trás. A sonoridade da faixa, influenciada pelo dream pop e pós-punk, reforça a atmosfera de nostalgia e desapego, consolidando a identidade emocional da música.