The Last Resort

Crítica à destruição do paraíso em “The Last Resort”

Em “The Last Resort”, os Eagles abordam de forma direta a tendência humana de destruir aquilo que idealiza como perfeito. A ironia do verso “They called it Paradise; I don't know why” (“Chamaram isso de paraíso; não sei por quê”) resume o paradoxo central da música: a busca incessante por novos começos, que acaba levando à exploração e à degradação ambiental. A narrativa começa com uma mulher deixando Providence, simbolizando o ciclo histórico de migração e colonização nos Estados Unidos. Esse movimento, que inicialmente representa esperança, logo se transforma em destruição, como mostram os versos sobre a chegada de “rich men” (“homens ricos”) que “raped the land” (“estupraram a terra”) e a construção de “ugly boxes” (“caixas feias”), uma crítica clara à especulação imobiliária e à urbanização sem limites.

A música também questiona o “destino manifesto” e a imposição cultural, especialmente nos trechos que mencionam missionários e o “white man's burden” (“fardo do homem branco”). O letreiro “Jesus is coming” (“Jesus está chegando”) simboliza a justificativa religiosa para ações destrutivas, enquanto a pergunta “Who will provide the Grand Design? What is yours and what is mine?” (“Quem vai fornecer o Grande Plano? O que é seu e o que é meu?”) desafia a legitimidade dessa apropriação. Ao afirmar “There is no more new frontier / We have got to make it here” (“Não há mais novas fronteiras / Temos que fazer aqui”), a canção sugere que não restam territórios a conquistar e que é preciso enfrentar as consequências das escolhas feitas. O tom sombrio dos arranjos reforça a mensagem de que, ao chamar um lugar de paraíso, a humanidade frequentemente contribui para sua própria ruína.