Tempted

Do fascínio à aceitação em “Tempted”, da The Hazelnuts

Em “Tempted”, a grande tentação não é a pessoa desejada, mas a fantasia de salvá-la. O soletrar T‑E‑M‑P‑T‑E‑D funciona como um lembrete quase didático de um padrão que se repete até virar lição. A narrativa começa pelo fascínio: “Tempted by your smile… tempted by your eyes” (Tentada pelo seu sorriso… tentada pelos seus olhos). O brilho do sorriso e do olhar sustenta a esperança de “ser a única a te mudar”, ideia que o narrador alimenta por um instante. Em seguida, a realidade entra pelos mesmos olhos: “The promises, the lies… just keep hurtin’” (As promessas, as mentiras… continuam machucando). Promessas e mentiras seduzem e mantém o vínculo, mas também prolongam a dor, desfazendo a ilusão de que o amor, sozinho, reformaria o outro. Surge então o limite: “I won’t be the one to change you / And you won’t be mine” (Eu não serei aquela que vai mudar você / e você não será meu).

A ponte aciona a imagem bíblica para ligar desejo e culpa: “Like Eve in the garden… Fooled and ashamed” (Como Eva no jardim… enganada e envergonhada). A queda aqui é também autoengano: acreditar que se pode corrigir quem não quer mudar. A virada vem direta: “tempted I’m no more” (não estou mais tentada) e “I’ve attempted / what was never done before” (eu tentei / o que nunca havia sido feito antes) reconhecem a tentativa impossível de transformar alguém. “Drop the curtain” (abaixar o pano) encerra o teatro das promessas, e “See that no one ever changes no one” (veja que ninguém jamais muda ninguém) resume a lição: a mudança é interna. O adeus final, “Farewell and goodbye” (adeus e tchau), fecha o ciclo com calma e abre espaço para seguir em frente sem repetir o mesmo feitiço.