A Rush And a Push And The Land Is Ours

Pertencimento e ironia em "A Rush And a Push And The Land Is Ours"

Em "A Rush And a Push And The Land Is Ours", The Smiths exploram temas de alienação, pertencimento e resistência. Logo no início, Morrissey se apresenta como "the ghost of Troubled Joe" (o fantasma de Troubled Joe), criando uma atmosfera de deslocamento e sugerindo a sensação de estar à margem. Essa escolha ganha ainda mais significado ao considerar o contexto pessoal de Morrissey, filho de imigrantes irlandeses na Inglaterra, o que reforça a ideia de não pertencimento e busca por identidade.

O título e o refrão fazem referência ao poema de Jane Wilde, mãe de Oscar Wilde: "A rush and a push and the land that we stand on is ours" (um impulso e um empurrão e a terra em que estamos é nossa). Essa frase carrega tanto um sentido político, relacionado à apropriação e reivindicação de território, quanto um significado pessoal, simbolizando a luta por espaço e autonomia diante da alienação cotidiana. A ironia aparece quando Morrissey comenta sobre pessoas "more ugly" ou "more weak" (mais feias ou mais fracas) que "take what they want from life" (pegam o que querem da vida), criticando a competitividade e os julgamentos superficiais da sociedade. O pedido para não falar de amor revela uma resistência à vulnerabilidade, mas o verso final — "Oh, I think I'm in love" (acho que estou apaixonado) — expõe uma contradição melancólica, mostrando o desejo persistente de conexão. A ausência de guitarras, decisão de Johnny Marr, reforça o clima de estranhamento e marca a música como um momento de renovação na trajetória da banda.