Pretty Girls Make Graves

Conflito e desencanto em "Pretty Girls Make Graves" dos Smiths

O título "Pretty Girls Make Graves" já indica o tom desencantado da música dos Smiths, trazendo uma referência direta ao livro "The Dharma Bums", de Jack Kerouac. No romance, a frase simboliza a transitoriedade da beleza e a inevitabilidade da morte, temas que Morrissey incorpora à letra para questionar o valor e o impacto da atração física. O narrador se sente pressionado por uma mulher a ceder ao desejo, mas demonstra desconforto, como nos versos: “Give in to lust, give up to lust / Oh, heaven knows we'll soon be dust” (Ceda ao desejo, desista ao desejo / Ah, só Deus sabe que logo seremos pó). Aqui, a canção ressalta a efemeridade do prazer e da própria vida, reforçando um clima melancólico e introspectivo.

A frase “I'm not the man you think I am” (Não sou o homem que você pensa que sou), inspirada em Paul Jones, destaca o conflito de identidade do narrador, que se sente inadequado diante das expectativas da parceira. O verso “And sorrow's native son / He will not smile for anyone” (E o filho legítimo da tristeza / Ele não vai sorrir para ninguém) mostra uma autopercepção marcada pela tristeza e pela recusa em se encaixar em papéis tradicionais de masculinidade. Já “I could have been wild and I could have been free / But nature played this trick on me” (Eu poderia ter sido selvagem e livre / Mas a natureza pregou essa peça em mim) aprofunda o sentimento de frustração, sugerindo que o narrador se sente traído por sua própria essência. O desfecho, “I lost my faith in womanhood” (Perdi minha fé na feminilidade), revela uma decepção profunda, não só com a relação, mas com a ideia do feminino, reforçando o tom existencial da música.