A Grande Cilada

Desfecho irônico e crítica social em “A Grande Cilada”

"A Grande Cilada", de Tião Carreiro e Pardinho, destaca-se pelo desfecho irônico em que o malandro, conhecido por enganar a todos, acaba sendo vítima de sua própria esperteza. No final da música, ele é desmascarado no altar por um delegado disfarçado de padre, mostrando que até o mais habilidoso pode cair em uma armadilha maior. A letra constrói a imagem desse malandro quase como um personagem folclórico, comparando-o a figuras como Malasarte e usando expressões como "carregou água em peneira" para enfatizar sua capacidade de realizar o impossível e escapar de situações difíceis. O tom descontraído e irônico reforça a mensagem de que a esperteza tem limites e que ninguém está imune a ser enganado.

O contexto da música reflete o universo do interior brasileiro e a cultura da malandragem, temas recorrentes nas composições de Tião Carreiro e Pardinho. O protagonista é descrito como "liso igual quiabo" e capaz de "enganar até o diabo", o que evidencia sua astúcia e audácia. No entanto, ao tentar aplicar um golpe final – casar-se com uma mulher rica fingindo ser militar – ele é surpreendido pelo Delegado Fleury, uma referência direta a uma figura real da polícia paulista. Essa menção adiciona uma camada de crítica social e realismo à narrativa, mostrando que, por mais admirada que seja a esperteza, ela pode ser perigosa e ter consequências inesperadas.