Boi Sete Ouro

Crenças e rivalidade rural em “Boi Sete Ouro” de Tião Carreiro e Pardinho

“Boi Sete Ouro”, de Tião Carreiro e Pardinho, destaca-se por unir o universo sertanejo à presença marcante do misticismo popular. A música narra a história do boi Sete Ouro, animal lendário nos rodeios, e do orgulho de seu dono, Faixa Preta. O boi é descrito como um verdadeiro tesouro, símbolo de prestígio e poder, especialmente por sua fama de derrubar peões experientes, como no verso: “derrubou seiscentos peão não contando com os calouros”.

O enredo ganha um tom inusitado ao mostrar que, diante de uma fase ruim do boi, o dono recorre a práticas místicas para tentar reverter a situação. Trechos como “um feiticeiro fez um trabalho pesado” e a contratação de um “macumbeiro” ilustram como crenças e superstições fazem parte do cotidiano rural, principalmente em contextos de competição e aposta. A solução encontrada pelo dono funciona, e o boi volta a brilhar nos rodeios, reforçando a ideia de que, no sertão, tradição, fé e astúcia caminham juntas. A música também celebra o humor e a esperteza típicos do pagode de viola, além de retratar a rivalidade entre peões e donos, elementos centrais na cultura dos rodeios brasileiros.