Final Dos Tempos

Crítica social e pessimismo em “Final Dos Tempos”

“Final Dos Tempos”, de Tião Carreiro e Pardinho, se destaca pela abordagem direta ao retratar um cenário de colapso social e moral no Brasil. A música utiliza situações do cotidiano para mostrar a inversão de valores e a indiferença coletiva, como no verso “Velório já virou festa / No enterro ninguém chora”, que evidencia a banalização dos sentimentos e a perda de significado até nos rituais mais sérios. O trecho “Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come” reforça o sentimento de impotência diante de problemas aparentemente insolúveis, enquanto “O escravo do trabalho / Ganha o salário da fome” denuncia a exploração e a desigualdade salarial.

A canção vai além da crítica moral, abordando também questões sociais e políticas. Ela condena o desperdício de recursos públicos em armamentos, enquanto a população carente permanece desassistida, como em “Gastaram tanto dinheiro / Fazendo armas de guerra / Daria pra fazer casas / Pra todos pobres da terra”. A letra ainda utiliza metáforas para expor a corrupção e a impunidade, como em “Falência e concordata / Filhas da maracutáia / Duas bruxas sem vassoura / Estão levantando a saia”, onde “maracutáia” simboliza esquemas ilícitos que prejudicam a sociedade. O desfecho, ao citar Jesus Cristo, sugere que, mesmo com todos os ensinamentos, a humanidade repete seus erros: se Cristo voltasse, “vai morrer na cruz de novo”. Assim, a música se firma como um retrato crítico e pessimista do contexto social brasileiro, alertando para a necessidade urgente de mudanças.