Pagode

Inovação e humor caipira em “Pagode” de Tião Carreiro e Pardinho

A música “Pagode”, de Tião Carreiro e Pardinho, representa um marco na música sertaneja ao introduzir o chamado "pagode de viola". O título e o ritmo da canção refletem a fusão criativa entre o coco e o calango de roda, resultando em um novo gênero que influenciou gerações de violeiros. O verso “No batido do pagode ninguém faz o que eu faço / Nois tá por cima eles tão por baixo” destaca o pioneirismo da dupla, que se coloca como referência e inovadora no universo da viola caipira, algo reconhecido historicamente no surgimento do pagode.

A letra adota um tom leve e bem-humorado para abordar temas do cotidiano, como relações amorosas e costumes do interior. O personagem principal brinca com a própria infidelidade ao afirmar “Não me namore tão discoberto / Que eu sou casado mas não sou certo”, misturando sinceridade e malícia de forma coloquial. A música também faz uma crítica divertida aos novos costumes, como em “Essas mocinhas mostrando os cambito / Co' as canelas lisa que nem parmito”, e retrata as negociações típicas de casais sobre quem vai ao pagode, trazendo à tona a esperteza e o jeitinho do interior.

Além disso, “Pagode” funciona como um manifesto de orgulho do violeiro, ressaltando a autenticidade e a habilidade musical da dupla em comparação a outros músicos, especialmente os de São Paulo, como no trecho “Tem uns violeiro em São Paulo vive fazendo rudino / Eles tão por baixo nois tá por cima”. Assim, a canção une inovação musical, crítica social bem-humorada e valorização da cultura caipira, tudo com uma linguagem simples e direta.