Esse Ar

Contrastes e sensações em “Esse Ar” de Tim Bernardes

“Esse Ar”, de Tim Bernardes, utiliza o elemento natural do ar como metáfora para sentimentos humanos complexos e contraditórios. Logo no início, versos como “Bruto e refinado / Preto e prateado, ar / Puro, denso e transparente” mostram como o ar pode ser, ao mesmo tempo, simples e misterioso. Essa sobreposição de opostos reflete a maneira como as emoções humanas também são difíceis de definir, podendo ser leves ou pesadas, claras ou obscuras. Bernardes já comentou em entrevistas que se inspirou no magnetismo da lua cheia, e essa influência aparece na atmosfera da música, onde o ar noturno parece ganhar vida própria, capaz de “mexer, que emociona a gente”.

A canção também aborda o tempo e a memória, especialmente nos versos “Eco do futuro / Cheiro de passado, ar / Vento já paralisado / Mistério fotografado”. O ar, aqui, representa tudo aquilo que é invisível, mas perceptível: lembranças, expectativas e sensações que se misturam e criam um clima de contemplação e nostalgia. No final, o verso “Falta algo e assim mesmo / É sempre um buraco inteiro” resume a sensação de incompletude que faz parte da experiência humana, mostrando que o vazio e a ausência também têm sua beleza. Assim, Tim Bernardes transforma o ar em um símbolo sensível e profundo dos sentimentos, tornando o invisível algo intensamente presente.