Querida

O tempo e o amor em "Querida" de Tom Jobim

Em "Querida", Tom Jobim explora a relação entre o tempo e as emoções humanas, usando a alternância entre as palavras "longa" e "breve" para mostrar como a percepção do tempo muda conforme a intensidade dos sentimentos. Nos versos “longa é a tarde, longa é a vida” e “breve é o dia, breve é a vida”, Jobim destaca como momentos marcantes podem parecer se arrastar, enquanto a vida, de modo geral, passa rapidamente. Essa dualidade serve como metáfora para a transitoriedade dos sentimentos e da existência, sugerindo que tanto a dor quanto a paixão podem ser intensas, mas são sempre passageiras.

A música também traz referências ao Rio de Janeiro, como em “da Marambaia à Joatinga”, situando a narrativa em cenários cariocas e criando uma atmosfera de contemplação e saudade. O desejo e a paixão aparecem de forma direta em versos como “você provoca minha libido” e “chega mais perto meu amor bandido”, evidenciando a intensidade dos sentimentos e a busca pelo prazer, mesmo sabendo que tudo é temporário. Termos como “bandida”, “fingido” e “querida” reforçam o jogo de sedução e ambiguidade, mostrando o amor como fonte de alegria e sofrimento. Assim, "Querida" se apresenta como uma reflexão melancólica sobre o tempo, o amor e a inevitável passagem de tudo o que se vive.