Apocalipsom A (O Fim no Palco do Começo)

O Casamento da Fé e do Conhecimento: Uma Análise de 'Apocalipsom A (O Fim no Palco do Começo)' de Tom Zé

A música 'Apocalipsom A (O Fim no Palco do Começo)' de Tom Zé é uma obra rica em metáforas e referências culturais, que explora a união entre a fé e o conhecimento. A letra começa com uma cena onde Deus e o Diabo firmam um acordo solene para casar a fé com o conhecimento, simbolizando a tentativa de unir dois mundos que muitas vezes são vistos como opostos. Essa união é representada pelo casamento do saber de Aristóteles com a cultura moura, sugerindo uma fusão de sabedoria ocidental e oriental para criar um 'duplicado tesouro'.

A música continua com uma lista de figuras divinas e culturais que estão presentes na cerimônia, incluindo Apolo, Macunaíma, Diana, Vênus, Urânia, Chiquinha Gonzaga e Bethânia. Essa mistura de personagens mitológicos e históricos brasileiros reflete a diversidade e a riqueza cultural que Tom Zé valoriza. A presença do Diabo como gerente de banco, conforme mencionado por Bertold Brecht, adiciona uma camada de crítica social, sugerindo a corrupção e a ganância presentes nas instituições financeiras.

A letra também aborda a questão da liberdade e da rebeldia, especialmente através da figura das 'meninas' que crescem depressa demais e não se conformam com as normas sociais. Elas são descritas como espertas e desconcertantes, desafiando a autoridade e a repressão. No final, a música celebra a cultura e o conhecimento, recitando 'Noblesse Oblige' e 'Quod erat demonstrandum', e se referindo à Tropicália, um movimento cultural brasileiro do qual Tom Zé foi um dos principais expoentes. A música, portanto, é uma celebração da diversidade cultural, da sabedoria e da resistência contra a opressão.