Bad Child

Empatia e identidade em "Bad Child" de Tones And I

Em "Bad Child", Tones And I opta por narrar a história a partir da perspectiva de outra pessoa, o que traz uma abordagem empática e permite explorar o sentimento de exclusão sem recorrer à própria experiência. O refrão, ao repetir “I guess I'm always gonna be the bad child / I guess I'm always gonna be the mad child” (Acho que sempre vou ser a criança má / Acho que sempre vou ser a criança brava), destaca como o rótulo de "problemático" é imposto externamente, mas acaba sendo absorvido pela própria pessoa, criando um ciclo de autopercepção negativa. O videoclipe reforça esse sentimento ao mostrar Jimmy, um jovem que enfrenta traumas em um universo onírico, conectando-se diretamente ao isolamento expresso nos versos “Sitting on my own, feel like I'm exiled” (Sentado sozinho, me sinto exilado) e “We were never a family” (Nunca fomos uma família).

A letra aborda de forma clara a dor de ser incompreendido e julgado, principalmente no ambiente familiar, como em “My family always said I was the bad child / Throwing me away into the bad pile” (Minha família sempre disse que eu era a criança má / Me jogando fora no monte dos maus). Expressões como “my weird mind” (minha mente estranha) ressaltam a dificuldade de ser aceito por quem não entende a individualidade do outro. No trecho “They say I've lost my mind / They say I'll never find it / I think they're kinda right / In fact I kinda like it” (Dizem que perdi a cabeça / Dizem que nunca vou encontrá-la / Acho que eles estão meio certos / Na verdade, eu até gosto disso), há uma virada: a aceitação da própria diferença, mesmo que isso signifique ser visto como inadequado. Assim, a música equilibra mágoa e rebeldia, mas também sugere o início de uma autovalorização, transformando o estigma em identidade.