Festa do Baiano

“Festa do Baiano”: tradição caipira acolhida na Bahia

“Festa do Baiano”, de Tonico e Tinoco, transforma a vida na estrada em encontro entre a cultura caipira e a hospitalidade baiana. Logo no convite “por carta, na maior delicadeza” — com o anfitrião garantindo as despesas — aparece a organização das festas rurais que a dupla, a “Dupla Coração do Brasil”, ajudou a popularizar. Os detalhes reforçam a mistura de sotaques: a “viola afinada no Goiano” e o anúncio do “cateretê” na sala do meio. No fim do ano, eles viajam à Fazenda Cachoeira levando “cinco moda nova” (moda = canção caipira) para testar no caminho; chegam “às cinco da tarde” e veem a fazenda ornamentada de “bandera” (bandeirinhas), com clima de cidade em dia de festa. A Baianinha recebe os cantores, indica o baile que vai “até amanhecer” e aponta o espaço do “cateretê”, dança marcada na palma que sustenta a tradição do baile de roça.

O sentimento dominante é a alegria do acolhimento e o orgulho sereno de levar a própria raiz para longe e ser bem recebido. Depois de cumprir a promessa e cantar as cinco modas, vem a despedida: a Baianinha chora, e o verso “só caboclo arresolvido digo adeus e vou simbora” resume a rotina de quem vive de cantoria, sempre seguindo viagem. A canção narra a festa passo a passo e, ao mesmo tempo, celebra a ponte entre regiões e a força de elementos tradicionais — viola, baile, bandeirinhas e cateretê —, deixando a saudade que fica quando a música se conecta com o coração do povo.