BR-3

Crítica social e resistência em "BR-3" de Tony Tornado

Em "BR-3", Tony Tornado utiliza imagens fortes para denunciar a repressão e a violência enfrentadas pelo povo brasileiro, especialmente durante a ditadura militar. O verso “E um Jesus Cristo feito em aço / Crucificado outra vez” destaca a desumanização e o sofrimento recorrente, usando a figura de um Cristo metálico para simbolizar a resistência e o sacrifício do povo diante da opressão.

A escolha da BR-3, rodovia que hoje corresponde à BR-040, não é apenas geográfica, mas também simbólica. Ela representa o caminho de quem busca oportunidades, mas também o risco constante de morte e injustiça, como reforça o refrão: “A gente corre... a gente morre na BR-3”. A estrada se torna metáfora para a esperança e a incerteza, evidenciada nos versos “Há um sonho / Viagem multicolorida / Às vezes ponto de partida / E às vezes porto de um talvez”, que refletem o desejo de mudança e a instabilidade social da época.

A música também critica a manipulação midiática e a criação de falsos heróis, como em “notícia fabricada / Pro novo herói de cada mês”, temas sensíveis durante o regime militar, marcado pela censura e propaganda. Apesar de interpretações polêmicas sobre o título, Tony Tornado sempre destacou o caráter social e político da canção, que segue atual ao retratar a luta, o risco e a resistência de quem vive à margem das grandes vias do país.