H.

Conflito interno e aceitação em "H." da banda Tool

O título "H." traz uma ambiguidade proposital, sugerindo tanto uma ligação pessoal com o filho de Maynard James Keenan quanto referências a expressões como "Half Empty" ou "Half Full" (meio vazio ou meio cheio), o que reforça o tema central da dualidade e do conflito interno. A letra aborda de forma direta a luta entre forças opostas dentro de si, representadas pela imagem da cobra: "Venomous voice, tempts me, drains me, bleeds me / And leaves me cracked and empty" (Voz venenosa, me tenta, me esgota, me faz sangrar / E me deixa quebrado e vazio). Essa metáfora remete à clássica ideia do anjo e do diabo nos ombros, como o próprio Keenan explicou em apresentações ao vivo, simbolizando conselhos conflitantes e a dificuldade de distinguir o que é realmente bom ou ruim para si mesmo.

A música explora sentimentos de culpa, arrependimento e transformação, evidenciados em versos como "My blood before me begs me / Open up my heart again" (Meu sangue diante de mim me implora / Abra meu coração de novo) e "I am too connected to you to / Slip away, fade away" (Estou conectado demais a você para / Escapar, desaparecer). Aqui, a influência de alguém próximo — possivelmente o filho, segundo o contexto — ou de experiências passadas é tão forte que impede o afastamento, mesmo que isso traga sofrimento. O trecho "And as the walls come down and as I look in your eyes / My fear begins to fade" (E quando as paredes caem e olho nos seus olhos / Meu medo começa a desaparecer) sugere um momento de vulnerabilidade e superação, onde encarar o próprio medo traz alívio, ainda que passageiro. A repetição de "I don't mind" (Eu não me importo) no final reforça uma aceitação resignada desse ciclo de dor e mudança, alinhando-se ao tom introspectivo e sombrio da canção.