Todo Dia é Dia D

Resistência cotidiana e renovação em “Todo Dia é Dia D”

A música “Todo Dia é Dia D”, de Torquato Neto, expressa uma sensação de urgência e disposição para enfrentar desafios diários, refletindo o espírito de resistência e renovação do artista e do movimento Tropicália. O termo “dia D” faz referência a momentos decisivos na história, mas aqui é usado para mostrar que cada dia traz potencial de transformação, seja em grandes acontecimentos ou nas pequenas ações do cotidiano. Essa visão se conecta à postura contracultural de Torquato Neto, que enxergava a rotina como um espaço de reinvenção e luta, e não como mera repetição.

A letra mistura cenas do dia a dia com imagens que falam de autoconhecimento e sobrevivência. No trecho “desde que saí de casa / trouxe a viagem de volta / gravada na minha mão / enterrada no umbigo”, o autor mostra como as experiências de vida ficam marcadas no corpo e na memória, tornando-se parte de quem somos. Versos como “há urubus no telhado / e a carne seca é servida / um escorpião enterrado / na sua própria ferida” trazem à tona o perigo, o desgaste e até a autossabotagem, mas também a resistência diante das dificuldades. Já “todo dia é o mesmo dia / de amar-te, amor-te, morrer” destaca a intensidade dos sentimentos e a repetição dos ciclos de amor e perda. Por fim, “todo dia menos dia / mais dia é dia D” sugere que, apesar dos obstáculos, sempre existe a chance de recomeçar. A canção transforma o cotidiano em algo extraordinário, incentivando a ação e a consciência em cada dia.