Never

Entre promessas e maturidade em “Never”, de Trevor Daniel

Em “Never”, Trevor Daniel ironiza o próprio “nunca”: ele admite ter prometido o que não podia garantir — “I shoulda known better than to say never” (eu devia saber melhor do que dizer “nunca”). O rompimento vira um pacto de cuidado: “If you ever need a shoulder to cry on/I'm right beside you” (se você precisar de um ombro para chorar/eu estou bem ao seu lado). A tensão é entre nostalgia e aprendizado. Ele desejaria voltar atrás — “If I could turn the time back, baby, I would” (se eu pudesse voltar no tempo, amor, eu voltaria) — mas aceita a impermanência: “nothing in life can stay the same” (nada na vida pode permanecer igual). A metáfora das cartas reforça esse realismo: “the cards won’t fall how we want every time” (as cartas não caem como a gente quer o tempo todo), mesmo quando a certeza parecia absoluta — “Would have bet it all we’d last forever” (eu teria apostado tudo que duraríamos para sempre).

A narrativa é íntima, feita de lembranças que fixam o que se perdeu: “the way you said my name…” (o jeito que você dizia meu nome...), conversas longas na cama, pular a janela para escapar do pai — cenas que justificam “the type of love we had, you can’t replace that” (o tipo de amor que tivemos, isso não dá para substituir). Ele confirma que o sentimento persiste — “I still feel the same as I did way back” (eu ainda me sinto do mesmo jeito de lá atrás) —, mas reconhece os limites do passado: “we did things together we can’t take back” (fizemos coisas juntos que não dá para desfazer). Lançada em 31 de maio de 2019, a faixa cristaliza a assinatura pop/R&B de Trevor Daniel: romances que ficaram para trás, mas com afeto preservado. “Never” transforma o impulso de dizer “nunca” ou “pra sempre” em maturidade: valorizar enquanto dura e, depois, seguir por perto.