Touchin, Lovin (feat. Nicki Minaj)

Poder e desejo em “Touchin, Lovin (feat. Nicki Minaj)”

Em “Touchin, Lovin (feat. Nicki Minaj)”, a indecisão do refrão — “Touchin’, lovin’, fuckin’, can’t make up my mind” (tocando, amando, transando, não consigo me decidir) — vira jogo de poder e de escolha. O tom direto se ancora no aceno a Fuck You Tonight, marcando a virada do carinho para o sexo no “Wait, nope!” (espera, não!), que joga o romantismo de lado. Trey Songz chega com postura de conquista: conversível exibido em “No ceilings you can see who’s in it” (sem teto, dá para ver quem está dentro) e confiança de pista em “You took your girl to the club and now she gone” (você levou sua garota pro clube e agora ela se foi). O objetivo é claro: prazer imediato, sem promessas, com o vaivém entre toque e sexo conduzindo o ritmo da sedução. As imagens de performance — “take a picture...” (tira uma foto...) e “neighbors know my name” (os vizinhos sabem meu nome) — reforçam vaidade e vontade de marcar presença; busca-se um encontro casual, sem amarras.

Quando Nicki Minaj entra, o tabuleiro vira: ela dita as regras e desromantiza de vez — “Sometimes I tell ’em I love ’em / I never love ’em, I cuff ’em / then I duck ’em” (às vezes eu digo que amo / eu nunca amo, eu prendo / depois eu sumo) —, exibindo poder financeiro (Ferragamo, Louis V) e controle sexual em “real... let real bitches come first” (de verdade... deixa as mulheres de verdade virem primeiro). O diálogo constrói um flerte de mão dupla: ele se gaba do alcance e da pegada; ela responde como figura dominante. No clipe interativo dirigido por Jason Zada, o público “escolhe” caminhos, mas Nicki aparece controlando os sonhos de Trey — espelhando o “can’t make up my mind” (não consigo me decidir) — e mostrando que, no fim, manda quem assume o desejo. Resultado: uma narrativa sensual e direta, em que sedução e poder correm lado a lado, ajustando o equilíbrio entre toque, prazer e comando.