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Servo da Guerra

Tribo da Periferia

LetraSignificado

    Ééé meu pai, eu nunca pensei que fosse acabar assim
    Sendo vítima, das minhas próprias maldades
    Por isso meu pai, quero que me perdoe
    Pois eu tambem quiz encontrar a paz
    Eu também, quiz mostrar o meu sorriso
    Mais não tive a mesma sorte que os outros

    Que pesadelo véi, quanta parada errada
    Eu também já fui considerado, maluco da quebrada
    A todo momento eu estava trepado, só andava maquinado
    Berma da Cyclone, corrente de ouro e boné importardo
    Muleque atitude, nunca neguei fogo
    Uma trezentos e oitenta uma rajada e mais um morto
    Primeiro homicídio eu não pensei, nem vi a hora
    Foi reação de assalto, me lembro como agora
    Eu mais dois chegados invadimos uma loteria
    Só queriamos dinheiro, em plena luz do dia
    Com o ferro em mãos eu escalei: ninguém se mova
    Estava indo bem, queria sair de boa
    Mas quando indo embora ouve um disparo contra a gente
    Revidei com uma rajada matei um inocente
    Ja estava ali pra isso e não posso me condenar
    Afinal saiu na chuva é pra se molhar
    Saímos vuado de camelo, coração a mil
    O meu primeiro ganho véi, puta que pariu
    Já tinha experimentado com os bodinho lá de baixo
    Ganhava altos boné e bermuda dos otários
    Os muleque botou fé meti bala e foi sem dó
    Por sorte eu matei, podia ser pior
    Eu já ganhei respeito mas não estava feliz
    Estou levando a vida que a minha mãe nunca quiz
    Mas já estou aqui não vai adiantar parar
    Também vai ser difícil, acho que não vai dar
    Na casa de um chegado muitas armas e munição
    Isso já me inssentivava a ser mais um ladrão
    Saia de rolé botava o canhão na cinta
    Ganhava altas camelas quem reaje leva ficha
    Um dos aliados conseguiu até um carro
    Vamo meter um ganho, agora um ganho alto
    É, entrei grilado já prevendo o final
    O banco estava lotado e um vacilo era fatal
    Eu saquei, escalei, mas fui precipitado
    Vários tiros disparados e o muleque cai do meu lado
    Se debatendo desesperado, vendo o sangue escorrendo
    Já estava prevendo pois o final é sempre o mesmo
    Eu escapei e foi por sorte, é, foi por sorte...
    Sobrevivi a minha morte

    (Refrão)
    Como podes encontrar a paz? Se tú és, mais um servo da guerra
    Como irás mostrar o seu sorriso? Se a luz que brilhava em ti, se transformou em trevas

    Naquele dia eu aprendi um pouco da malandragem
    Ser o tal comédia um malandro de verdade
    Eu ia parar com essa vida, quase me dei mal
    Estava parando aos poucos, mas não quero ser normal
    Comecei o tráfico, era o meu aniversário
    Ia rolar um som, mas não é necessário
    Minha curtição era na bala, era no ferro, na minha venda
    Quarenta, cinquenta, oitenta, noventa
    Pra mim era pouco e nada me satisfazia
    Dinheiro e mais dinheiro, vadias e mais vadias
    Eu era feliz mas era triste, as vezes até me ligava
    Eu tenho que parar, essa porra não me deu nada
    Minha mãe já falecida, meu pai todo fudido
    Meu irmão já não guentava, veio morar comigo
    A casa sempre cheia, só os noiado, só marola
    Já tava até manjada, vou trocar minha "chola"
    É, parei um tempo véi, eu suportei
    Muita necessidade por isso eu já passei
    Meu irmão fez treze anos, vamo rolar um som
    Curtimos rap a noite inteira até que foi bom
    Arrumei um trampo, estava bem regenerado
    Um tempo se passou já estava tudo bem mudado
    Mas fui surpreendido na porta da minha casa
    Mandato de prisão, rotina carcerária
    Décima sexta marcou meu sentimento
    Vou confessar até chorei no julgamento
    Três anos naquela porra nunca mais me esquecerei
    Só quem vive ali dentro véi sabe o que eu passei
    Sofrimento dia-a-dia carcereiros e detentos
    Mundo do cão não tem caô, clima tenso e violento
    Pena comprida aí, tudo diferente
    Só pensando em vingar, mudei completamente
    Vingar meu próprio erro, acabar comigo mesmo
    Dinheiro, drogas, armas, fama, os meus únicos desejos, era os meus únicos desejos...

    (Refrão)
    Como podes encontrar a paz? Se tú és, mais um servo da guerra
    Como irás mostrar o seu sorriso? Se a luz que brilhava em ti, se transformou em trevas

    Dois dias de liberdade segurei um ferro
    Ganhava pai de família ainda achava certo
    Voltei muito pior, eu nunca tive dó
    No presídio apenas, me revoltei e só
    Um chegado da antiga já foi enterrado
    Outro já tem o seu velório reservado
    Um paralisado, o outro encarcerado
    Mais um na UTI próximo a ser finado
    Mas, esqueci logo eles tiveram pouca sorte
    Eu não sou otário e não temo a morte
    Altos camaradas queria minha cabeça
    Eu tava fugido dos "homi", a coisa tava preta
    Atirei no bodão véi até que me dei bem
    Ganhei muita moral e muita fama também
    Já tinha dezenove, pensava igual aos quinze
    Peito de aço, imortal, não subestime o mundo do crime
    A minha morte pra muitos era motivo de festa
    Ganhava os muleque da minha própria quebra
    Sempre solitário só eu e meu oitão
    Pra ter como vingaça véi jogaram meu irmão
    Meu pai tava duente na cama do hospital
    Cachaça demais, cirrose é fatal
    Eu não tava nem aí ele nunca ligou pra mim
    Fui criado nas ruas, foi até bom assim
    Várias cicatrizes do meu corpo já demostra
    A viajem sem volta, pergunta sem resposta
    Eu não queria nem saber só queria me dar bem
    Eu e minha vadia não quero saber de mais ninguém
    Minha vida estava em risco já tinha alguem na cola
    Meu ferro entupido pode vir a qualquer hora
    Mas pela traição, não tem escapatória
    Pode crer os camaradas me pegaram pelas costas
    Ouvi o tiro, caí consciente
    Em volta do meu corpo, eu via muita gente
    Eu sentia, muita dor e agonia
    Para alguns tristeza, pra outros alegria
    E assim termina minha história sem sorriso
    Abandonado, sofrendo, sozinho
    Agonizando ensanguentado na calçada
    A que se faz a que se paga.


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