Blue (feat. Alex Hope)

Amor unilateral e identidade em “Blue (feat. Alex Hope)”

“Blue (feat. Alex Hope)” contrapõe dois “azuis”: o céu que ele promete ao outro e a tristeza que reserva para si. É um pacto doloroso — aceitar se tingir de melancolia (“I’ll colour me blue” (vou me pintar de azul)) para manter alguém que enxerga o mundo sem nuances, em linha com o conceito de Blue Neighbourhood e a explicação oficial de que a faixa fala de amor não correspondido. O refrão “Anything it takes to make you stay” (qualquer coisa para te fazer ficar) e “Only seeing myself when I’m looking up at you” (só me enxergo quando olho para você) mostram um apego que molda a identidade. Quando ele diz “I know you’re seeing black and white / So I’ll paint you a clear-blue sky” (eu sei que você está vendo preto e branco / então vou pintar para você um céu azul límpido), tenta dar cor ao que o outro não vê. A coautoria e produção de Alex Hope reforçam essa delicadeza entre desejo e autossacrifício.

As imagens de luz e clima traduzem limites ignorados e solidão. “All your lights are red, but I’m green to go” (todos os seus sinais estão vermelhos, mas eu estou verde para seguir em frente) revela insistência apesar dos alertas; “Though the lights are on / There’s nobody home” (embora as luzes estejam acesas / não há ninguém em casa) e “a heart that beats so slow” (um coração que bate tão devagar) sugerem alguém emocionalmente ausente, talvez deprimido (“Used to see you high, now you’re only low” (antes eu te via pra cima, agora você só está pra baixo)). Sem essa pessoa, “Without you I am colour-blind” (sem você eu fico daltônico), tudo perde brilho, e “It’s raining every time I open my eyes” (chove toda vez que abro os olhos) encapsula a tristeza crônica: ele colore o mundo do outro enquanto permanece azul por dentro.