STUD

Desejo e padrão em “STUD”: vulnerabilidade e poder queer

“STUD” encena um dilema queer: desejar um ideal hipermasculino e, ao mesmo tempo, querer caber nesse padrão. O título aciona a gíria “stud”, que aponta uma dinâmica de poder baseada no corpo, em que virilidade e beleza dão vantagem. A voz convida para o encontro imediato — “Hey stud! You can come and meet me out front” (Ei, gostoso! Você pode me encontrar lá na frente) — enquanto confessa a comparação dolorosa: “Everything I’m not but could I still be a hunk to you?… A stud to you” (Tudo o que eu não sou, mas ainda assim eu poderia ser um saradão para você?... Um gostoso para você). O desejo vira busca por validação em “Taking the fun out of fucks / Searching for something I’m not” (Tirando a diversão do sexo / Procurando algo que eu não sou) e a contradição fica explícita em “Knowing that you’re not the one (But you’re the one for right now)” (Sabendo que você não é a pessoa certa (Mas é a pessoa certa por enquanto)).

As imagens levam a fantasia ao limite: “your heartbeat is speeding / At seven hundred miles” (seu coração está acelerando / a setecentas milhas) e “highways to Eden” (estradas para o Éden) sugerem urgência e prazer proibido, reforçados por “Like my body’s the apple you’re eating” (Como se meu corpo fosse a maçã que você está comendo). Esse repertório de paraíso e pecado traduz a mistura de confiança e insegurança: por fora, o insistente “Hey stud!”; por dentro, o pedido de aprovação que vira mantra — “Just let me believe that you like what you’re seeing” (Só me deixa acreditar que você gosta do que está vendo) e “You’re into this, right? / You could make my night” (Você está nessa, né? / Você pode fazer minha noite). A produção com sintetizadores e oscilações de ritmo espelha essa gangorra entre introspecção e energia de pista: querer o “stud” e querer caber no padrão dele — não o certo, mas o certo para agora.