HANDLE IT

Raiva e apego em “HANDLE IT”: confronto e recaída emocional

Apesar do refrão implorar “I can’t handle it” (Eu não consigo lidar com isso), “HANDLE IT” não se limita ao lamento: confronta e pressiona. Chaeyoung escreveu a letra para explorar a raiva pós-término, e isso aparece quando a narradora corta as “그 많은 이유 변명 다 소용없단 걸” (Que todos esses motivos e desculpas não servem de nada), exige honestidade em “손을 얹고선 대답해 봐 / 모르는 척하진 마” (Ponha a mão e responda / Não finja que não sabe) e recusa o fim em “We shouldn’t call it quits” (Não deveríamos terminar). Ao mesmo tempo, ela está desorientada — “태양이 뜨는지 지는지는 몰라도” (Eu nem sei se o sol está nascendo ou se está se pondo) — e se agarra à volta do ex: “여기 있을게 / 너 돌아오게 될 거야” (Eu vou ficar aqui / Você vai voltar). A perda é também de rumo: “돌아갈 길을 나는 잊었어 / 이젠 찾을 수도 없어” (Eu esqueci o caminho de volta / Agora nem consigo mais encontrá-lo), imobilidade que ecoa “Ain’t got no better way” (Não tem jeito melhor). Isso se alinha à guinada mais madura do TWICE em Eyes wide open, abrindo espaço para emoções intensas e ambivalentes.

As metáforas tornam essa ambivalência palpável. “기억이 스티커처럼 / 자국이 남아서” (As lembranças são como adesivos / deixam marcas); “멍이 들어 새파랗게” (Aparecem hematomas, bem azuis) e “타들어 가” (Queima por dentro) traduzem a dor em corpo, reforçada por “불이 꺼질 수가 없게” (De um jeito que o fogo não consegue apagar). Esse “fogo” é desejo que persiste e ira que consome; as “파도” (ondas) levam e trazem ao mesmo lugar, num ciclo de recaída. No refrão, o apego vira barganha urgente: “아무 말도 들리지 않아 / 더 멀어지지 마 / Baby come here quick” (Não ouço nada / Não se afaste mais / Amor, vem aqui rápido). A repetição “Cause I can’t handle it” (Porque eu não consigo lidar com isso) sela o impasse: ela não administra a ausência nem aceita o fim, presa entre confrontar e pedir para não acabar.