Colossus

Dentro de “Colossus”: fama, fãs e limites no parque

Em “Colossus”, Tyler, The Creator transforma um episódio real no Six Flags em alegoria da fama que engole a rotina. Ele alterna sua voz e a do fã obcecado, exibindo humor e tensão. Ao recusar uma foto, cede depois e perde a vez no Goliath, enquanto uma multidão se forma: “25 hound of fuckers” (25 filhos da puta farejadores), atraídos menos pela música e mais pelo uniforme: “top with the box logo” (camiseta com o box logo) e “them fucking ears” (essas malditas orelhas). A crítica aos admiradores superficiais aparece em “guarantee they didn’t even hear Bastard” (garanto que eles nem ouviram Bastard) e no mantra “Wolf Gang, Yonkers, Goblin” (Wolf Gang, Yonkers, Goblin), indicando como hits e bordões engolem o catálogo — algo coerente com o contexto do álbum Wolf.

A parte central vira monólogo do fã, que sai do “você mudou minha vida” para a posse perturbadora: “I carved OF on it…” (Eu cravei OF nele...), “I worship you…” (Eu te venero...), compra Goblin repetidas vezes, envia DMs e fantasia sequestro: “Wish I had a basement… for me to hide you” (Queria ter um porão... para te esconder). Tyler reage com gratidão e saturação: celebra o sucesso de “Yonkers”, mas admite “Sick of hearing about yonkers” (De saco cheio de ouvir falar de Yonkers). No fim, tira a foto para conseguir entrar no Colossus — gesto derrotado que resume a pressão de performar a marca e virar terapeuta involuntário. A música expõe o custo do amor parasocial: idolatria que gruda no logo e nos bordões, não na obra inteira.