I Don't Wanna Be Me

Desconforto e ironia existencial em “I Don't Wanna Be Me”

Em “I Don't Wanna Be Me”, do Type O Negative, a repetição do verso “I don't wanna be me anymore” (“Eu não quero mais ser eu”) expõe um cansaço existencial intenso. Esse sentimento vai além de um simples desabafo e reflete o estado emocional do vocalista Peter Steele, que, segundo o guitarrista Kenny Hickey, estava esgotado pelos próprios vícios e pela própria vida. A sonoridade crua e direta, com influência do punk, reforça a urgência e o desconforto com a própria identidade, algo também explorado de forma satírica no videoclipe, onde diferentes celebridades são imitadas para mostrar que a insatisfação com quem se é pode ser universal.

A letra mistura ironia e tragédia, como nos versos “Two steps forward, three steps back / Without warning, heart attack / He fell asleep in the snow / Never woke up, died alone” (“Dois passos à frente, três para trás / Sem aviso, ataque cardíaco / Ele adormeceu na neve / Nunca acordou, morreu sozinho”), sugerindo uma vida marcada por retrocessos, doenças e solidão. O pedido para que não se vista de preto no velório, mas que se celebre em vez de lamentar, traz uma ironia amarga: mesmo diante da morte, há o desejo de romper com o ciclo de tristeza. Metáforas como “Two glass houses, twenty stones” (“Duas casas de vidro, vinte pedras”) apontam para a fragilidade e a exposição constante, além de sugerirem julgamentos e autocrítica, temas recorrentes na trajetória de Steele. No fim, a música é um retrato cru do desejo de escapar de si mesmo, misturando sarcasmo, dor e uma busca desesperada por alívio.