Filho do Dono (part. L7nnon e Victor WAO)

Ascensão em “Filho do Dono (part. L7nnon e Victor WAO)”

O título não trata de herança; é tomada de posse do próprio destino em um ambiente que tenta negar essa possibilidade. A faixa traduz códigos de rua para a linguagem de empresa e de jogo para narrar ascensão com foco em família e disciplina. As linhas “As criança, família primeiro” e “Pé no chão, sou filho do dono” combinam afeto, realismo e ambição. Ao afirmar “Fico rico ou morro tentando”, Tz da Coronel aciona o lema popularizado por 50 Cent, conectando a luta local do Rio a um imaginário global de superação a qualquer custo. A postura é confiante e vigilante: não é sorte (“Nossa luta nunca foi sorte”), é método, número e constância (“matemático multiplicando”).

As referências pop reforçam coragem e resistência: “Blade” contra a “vampira” e “Sexta-feira 13” para inverter o terror, onde os “alemão” são vistos como monstros pelo sistema. “Jogador caro” sintetiza autovalorização e o alto preço do próprio talento, enquanto metáforas esportivas como “fazendo o jogo virar aos quarenta” marcam virada tardia com frieza de decisão. A letra encara a desigualdade de frente (“Igualdade aqui pra nós é lenda”) e responde com protagonismo e risco calculado (“sem dublê nós protagoniza a cena”). No plano material, as vitórias surgem como troféus do corre — joias, Volvo, grife — mas com mentalidade de negócio: “fecha o caixa, contabiliza / depois investe a grana”. Até o crime vira metáfora produtiva em “Nós trafica rima”: canalizam a vivência em arte legal e lucrativa, “passando de fase” no jogo e deixando os que subestimaram olhando para cima, rumo ao pódio.