Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me

Fama e idolatria em "Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me"

"Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me", do U2, faz uma crítica direta à relação entre celebridades e o público, usando ironia já no título ao transformar uma frase romântica em algo sombrio. Ao acrescentar "Kill Me" ao clássico "Hold Me, Thrill Me, Kiss Me", a banda sugere que a paixão dos fãs pode ser tão destrutiva quanto sedutora. A letra explora o lado obscuro da fama, com versos como “stealing from the thieves” (roubando dos ladrões) e “you're a headache, in a suitcase” (você é uma dor de cabeça, numa mala), mostrando o desgaste, a confusão de identidade e o sentimento de deslocamento que acompanham a vida de uma estrela do rock.

O trecho “They want you to be Jesus / Now go down on one knee / But they want their money back / If you're alive at thirty-three” (Eles querem que você seja Jesus / Agora ajoelhe-se / Mas querem seu dinheiro de volta / Se você estiver vivo aos trinta e três) ironiza a tendência de endeusar artistas, mas também de descartá-los quando não correspondem ao mito, fazendo referência direta à idade da morte de Jesus. A música também aborda a linha tênue entre performance e autenticidade, como em “Dressing like your sister / Living like a tart / They don't know what you're doing / Babe it must be art” (Vestindo-se como sua irmã / Vivendo como uma provocante / Eles não sabem o que você está fazendo / Querida, deve ser arte). O refrão sintetiza a relação ambígua entre fã e ídolo, misturando desejo, fascínio e destruição. O videoclipe, ambientado em Gotham City e com os alter egos de Bono, reforça a ideia de que a fama é um jogo de máscaras, onde autenticidade e espetáculo se confundem.