I No Longer Fear The Razor Guarding My Heel (IV)

“I No Longer Fear The Razor Guarding My Heel (IV)” e destino

Como faixa final de “I Want to Die in New Orleans” e quarta parte da série, “I No Longer Fear The Razor Guarding My Heel (IV)” encerra o ciclo assumindo a autodestruição como companhia. A abertura com guitarra de Ruby da Cherry e os samples locais dos anos 90 ancoram tudo em New Orleans, incluindo o imaginário de cemitérios que o duo cita como cenário de infância. A frase “Grey59, bitch, I signed my life away” (Grey59, porra, eu entreguei minha vida) soa como confissão e compromisso: repetir “$uicide” e o grito Grey59 vira um mantra de identidade e destino, a ideia de que o risco é parte do pacto artístico e pessoal.

Na letra, bravata e ruína revelam o mesmo vazio. A velocidade e a paranóia aparecem em “H1 Hummer… duckin’ what comes from the government” (H1 Hummer… se esquivando do que vem do governo), enquanto o torpor químico surge em “We in the Benz, off the benzos, our depression clinical” (Estamos no Benz, chapados de benzos, nossa depressão é clínica). O cotidiano das drogas é direto: “Backwood full of romaine” (Backwood cheio de alface). A violência vira anestesia em “You can feel the bullets from my steel son” (Você pode sentir as balas do meu aço, mano). A imagética suicida é frontal: “propane tank low / light the fucking match” (tanque de propano baixo / risca essa porra de fósforo), “I don’t want to be here” (Eu não quero estar aqui), “$uicide, my end” ($uicide, meu fim). O ruído externo entra como deboche: “SoundCloud this… you boys suck” (Põe no SoundCloud… vocês são um lixo). Com flow quebrado, ganchos obsessivos e cortes de fala, a narrativa é de recaída; o fim admite derrota: “still feel like I’m losing” (ainda sinto que estou perdendo).