Alba

A busca por refúgio e autenticidade em “Alba” de Ultimo

Em “Alba”, Ultimo utiliza o amanhecer como símbolo de um refúgio íntimo e pessoal, onde o narrador encontra um breve alívio para suas angústias. O verso “Amo l’alba perché è come fosse solo mia” (“Amo o amanhecer porque é como se fosse só meu”) mostra essa relação exclusiva com a aurora, enquanto “è come fosse una bugia” (“é como se fosse uma mentira”) revela que essa paz é passageira e ilusória, reforçando o tom melancólico da música. Ultimo transforma o amanhecer em metáfora para a busca de autenticidade e para o desejo de romper com rotinas e limitações pessoais, como aparece em “E t’immagini se fossimo al di là dei nostri limiti / Se stessimo di fianco alle abitudini” (“E você imagina se estivéssemos além dos nossos limites / Se estivéssemos ao lado dos hábitos”).

A letra também aborda a solidão e a dificuldade de se conectar verdadeiramente com os outros. O trecho “Amo l’alba perché spesso odio la vita mia” (“Amo o amanhecer porque muitas vezes odeio minha vida”) expõe uma luta interna, em que o amanhecer serve como alívio temporário para o peso da existência. Ultimo destaca a importância da comunicação não verbal em “Forse avremmo gli occhi solo per descriverci / Perché uno sguardo, in fondo, basta per dipingerci” (“Talvez tivéssemos apenas os olhos para nos descrever / Porque um olhar, no fundo, basta para nos pintar”), sugerindo que conexões profundas podem acontecer além das palavras. Ao longo da canção, o artista reflete sobre como a vida poderia ser diferente se barreiras emocionais e sociais fossem superadas, mas reconhece que, por enquanto, tudo isso permanece apenas no campo do desejo e da imaginação.