Habeas Corpus

Reflexões sobre vício e autenticidade em “Habeas Corpus”

Em “Habeas Corpus”, do Um Barril de Rap, a letra faz referência direta a Cazuza ao dizer “me casar com a cocaína e ver meu fim num camarim”. Essa frase expõe de forma clara os perigos do vício e da autodestruição na vida artística, além de expressar o receio de seguir caminhos trágicos como o do próprio Cazuza. O trecho funciona tanto como homenagem quanto como alerta, trazendo à tona discussões sobre os excessos e a fragilidade da fama, temas presentes tanto na trajetória de Cazuza quanto no universo do hip-hop, onde a pressão e as tentações são constantes.

A música também aborda dilemas pessoais e familiares, especialmente quando Sampa fala sobre olhar para a filha e chorar por não conseguir dar tudo o que gostaria. Esse momento revela o peso da responsabilidade, a luta entre sonhos, limitações financeiras e o desejo de proporcionar uma vida melhor para quem se ama. O tom confessional se mantém ao longo da faixa, com menções a conflitos familiares, uso de drogas e a busca por identidade, sempre com sinceridade e vulnerabilidade.

Na parte de Froid, a letra traz referências à cultura pop, à cena underground e à realidade do artista independente, como em “Hoje é dia de rock e eu tenho uma banda de garagem” e “Minha grana tá contadinha aqui no bolso do meu short”. Ele fala sobre não se encaixar nos padrões, a busca por autenticidade e o desafio de sobreviver no meio musical sem se render ao sistema. Metáforas como “Froid vs. Jason” e “Lucrar mais que o Akon, fazendo mais mal que o bacon” reforçam o tom irônico e autocrítico, mostrando que, apesar das dificuldades, ainda há espaço para humor e reflexão. “Habeas Corpus” é, assim, um desabafo sobre as pressões, escolhas e contradições de quem busca sentido e liberdade em meio ao caos.