N.A.D.A.C.O.N.S.T.A

Autenticidade e crítica social em “N.A.D.A.C.O.N.S.T.A”

A música “N.A.D.A.C.O.N.S.T.A” do Um Barril de Rap explora o duplo sentido do título, que faz referência ao termo burocrático "nada consta" — indicando ausência de pendências — e também à ideia de não dever nada a ninguém. Essa escolha reforça a postura de independência e autenticidade do grupo, que permeia toda a letra. O grupo critica a falta de sinceridade no rap atual, como fica claro no verso: “Aqui fabricam rimas com pouca sinceridade / Por isso é que seu rap ainda tem cheirinho de virgindade”, apontando para a superficialidade e a busca por imagem em vez de conteúdo real no cenário musical.

A letra alterna entre reflexões pessoais e críticas sociais, mostrando o incômodo do artista com padrões impostos e hipocrisias, tanto no rap quanto na sociedade. Trechos como “Aqui, onde vendem as armas só pra te vender blindagem / Com uma maquiagem feita só para te vender imagem” denunciam a lógica de mercado que lucra com o medo e a aparência. Já “Vê se disfarça, já que a farda trama com a carta da lei / E o que separa não é a máfia, e as grama na barca que eu sei” aborda a relação conflituosa com a polícia e a criminalização da periferia. O tom direto e confessional aparece em versos como “Eu vou me conhecer pra poder entender minhas loucuras / Vou escrever, e protagonizar minhas aventuras”, mostrando a busca por autoconhecimento e autenticidade diante do caos da vida, reforçada pela frase “a realidade, é que a vida não permite estabilidade / E se permitisse seria uma merda”.

Referências pessoais, nomes de amigos, lugares e elementos da cultura pop (como Tupac, Rap God, Toronto Raptors) aproximam a música do cotidiano e reforçam a individualidade do artista. “N.A.D.A.C.O.N.S.T.A” se apresenta como um manifesto de resistência, autenticidade e crítica social, onde o "nada consta" é tanto um estado de espírito quanto uma declaração de independência diante das pressões externas.