Não Era Meia-Noite, Era Quase Meio-Dia

A Espiritualidade e a Proteção nas Letras de Umbanda

A música "Não Era Meia-Noite, Era Quase Meio-Dia" interpretada dentro do contexto da Umbanda, uma religião afro-brasileira, traz elementos que remetem à espiritualidade e práticas religiosas. A letra menciona um cenário de cemitério, que na Umbanda e em outras religiões de matriz africana, é um espaço de conexão com os espíritos e entidades. A presença do padre e do defunto remexendo sugere um embate entre as práticas da religião católica e as práticas de religiões afro-brasileiras, onde o padre representa a religião dominante e o defunto que remexe pode simbolizar a presença de uma entidade ou espírito que não está em repouso.

A menção a Santo Antônio, um santo católico conhecido por ser casamenteiro e milagroso, pedindo proteção contra a feitiçaria, indica a busca por segurança espiritual e a intercessão de figuras santificadas para afastar o mal. A vela acesa e o cabrito na encruzilhada são elementos típicos de oferendas em rituais de Umbanda, e a coruja, muitas vezes associada à sabedoria e ao misticismo, é aqui um mensageiro. A figura de Mulambo, por sua vez, pode ser interpretada como uma entidade espiritual invocada para auxílio, comum em práticas de Umbanda e Candomblé.

A música também aborda a temática da traição e da justiça, com o ditado 'quem com ferro fere, com ferro será ferido', sugerindo que as ações negativas retornarão ao seu emissor. Isso reflete a crença na lei do retorno e na justiça divina, conceitos presentes em diversas tradições religiosas. A traição mencionada como vinda de um grande amigo ressalta a dor e a surpresa que acompanham atos de traição, especialmente quando vêm de alguém próximo e de confiança.