Samba Enredo 1986 - Cama, Mesa e Banho de Gato

A Sátira Social do Samba Enredo da Unidos da Tijuca de 1986

O samba enredo "Cama, Mesa e Banho de Gato" da escola de samba Unidos da Tijuca, apresentado no Carnaval de 1986, é uma crítica mordaz aos costumes sociais e à moralidade da época. A letra aborda de maneira irônica a infidelidade e a promiscuidade, utilizando metáforas culinárias para representar as relações extraconjugais e a busca incessante por prazeres efêmeros.

A expressão "cama, mesa e banho de gato" é uma alusão ao ditado popular que se refere a uma vida confortável e prazerosa, mas a música subverte esse significado para falar sobre a busca por prazeres fora do lar. O homem descrito na letra é alguém que não se contenta com a 'matriz', ou seja, sua esposa ou companheira fixa, e busca 'filiais', ou aventuras amorosas, para satisfazer seus desejos. A comparação do arroz com feijão caseiro, que é bom, com o cozido da vizinha, que é melhor, sugere a tentação do novo e do proibido.

A música também toca em temas como a hipocrisia social e a dupla moralidade, onde o homem é visto como um 'polígamo conquistador', enquanto as mulheres são julgadas por seus comportamentos. A referência ao 'Ricardão', um termo brasileiro para o amante de uma mulher casada, e à 'fama de sapatão', um termo pejorativo para lésbica, mostra como a sociedade julga diferentemente a sexualidade feminina e masculina. A Unidos da Tijuca, com este samba enredo, não apenas animou o carnaval, mas também provocou reflexão sobre as convenções sociais da época.