Samba-Enredo 2022 - Iroko – É Tempo de Xirê

Iroko, tempo e ancestralidade em “Samba-Enredo 2022 - Iroko – É Tempo de Xirê”

"Samba-Enredo 2022 - Iroko – É Tempo de Xirê", do G.R.E.S. Unidos de Padre Miguel, coloca Iroko, orixá do tempo, no centro da narrativa, destacando sua ligação com a gameleira, árvore sagrada que simboliza a conexão entre o divino e o terreno nas religiões de matriz africana. Ao citar “Tronco que preserva a vida inteira / Ninho para Oxorongá / Guardião do axé, a gameleira”, a letra reforça o papel da árvore como ponto de encontro entre Orun (céu) e Aiyê (terra), além de ser fonte de proteção e energia vital (axé) para a comunidade.

A expressão “É tempo de xirê” faz referência direta à celebração ritualística dos orixás, ressaltando o caráter festivo e sagrado do samba-enredo. Elementos como “axexê” (ritual fúnebre) e “opaxorô” (cajado de Oxalá) aparecem para marcar a presença de símbolos fundamentais do candomblé, valorizando a ancestralidade e os ciclos de vida e morte. O trecho “Ó, Tempo, ouça meu clamor / Conceda aos seus filhos o perdão / E ao reluzir o opaxorô / Seu povo pede salvação!” expressa o desejo de renovação espiritual e proteção coletiva, temas centrais nas tradições afro-brasileiras.

Ao afirmar “Bato cabeça, sou filho de fé / Iroko axé! Iroko kisselé! / No ilê Padre Miguel, aprendi fazer o bem”, a Unidos de Padre Miguel reafirma seu compromisso com a valorização da cultura afro-brasileira e o respeito às tradições religiosas. O samba celebra a espiritualidade, a força do tempo e a importância do xirê como momento de união, aprendizado e reverência, transmitindo orgulho e esperança para a comunidade.