Samba-Enredo 2026 - Kunhã-Eté: O Sopro Sagrado da Jurema

Clara Camarão e ancestralidade em “Samba-Enredo 2026 - Kunhã-Eté: O Sopro Sagrado da Jurema”

"Samba-Enredo 2026 - Kunhã-Eté: O Sopro Sagrado da Jurema", do G.R.E.S. Unidos de Padre Miguel, faz uma homenagem à trajetória de Clara Camarão, guerreira indígena potiguara, transformando-a em símbolo sagrado e eterno de resistência. O verso “A mata é de Clara Camarão / Kunha Eté, sobrenome resistir” mostra como a música une a figura histórica à entidade espiritual, destacando a força feminina e a ancestralidade indígena como elementos centrais da narrativa.

A letra valoriza a cultura e a espiritualidade dos povos originários, como em “Girando inicia o toré, herança dos meus ancestrais” e “Virado no meu Juremá”, referências diretas a rituais e tradições indígenas. Clara é apresentada como líder e inspiração: “Nativa, lidera mulheres em tantas batalhas / Muralha invisível que o tempo despiu”, ressaltando o papel das mulheres indígenas na defesa do território e da cultura. A oposição “Leão é invasor, rei é o povo originário” critica a colonização e reafirma o protagonismo indígena. Menções à “Vila Vintém” e ao “boi vermelho” conectam a história de Clara à identidade da escola de samba e à sua comunidade.

O samba-enredo celebra a força de Clara Camarão ao associá-la à natureza e à espiritualidade: “Das águas sagradas aos seres de luz / Entrego o caminho a quem me conduz / É Clara essa força que faz ir além”. O trecho final, “Quantas vezes for preciso, haverá renascimento / Pra que a verdade não caia no esquecimento”, reforça o compromisso com a memória e a valorização da resistência indígena e feminina.