Utopia 2

Desilusão coletiva e ironia social em “Utopia 2”

A música “Utopia 2”, da banda Utopia, traz uma crítica direta à frustração causada por promessas não cumpridas de figuras de autoridade. No trecho “Prometeu mil coisas além / Mas eu não acredito / E acho que você também”, a letra evidencia uma descrença coletiva, mostrando como a confiança nas lideranças se desgasta diante de promessas vazias. Esse tom crítico, que lembra o humor ácido dos Mamonas Assassinas, é aqui usado de forma mais reflexiva para destacar a decepção com sistemas e líderes que repetem os mesmos erros.

A canção também reflete sobre o ciclo da vida e a dificuldade de mudanças reais. Versos como “Será que partimos de um começo pro fim / Ou se partimos de um fim onde o começo é assim” questionam se há, de fato, espaço para recomeços ou se estamos presos a padrões que se repetem. A ironia aparece ao sugerir que o esforço individual nem sempre é suficiente: “Tente outra vez que conseguirá / E se não conseguir / Não adianta tentar”. A frase “Quem pode, pode / Quem não pode” reforça a crítica à meritocracia e à desigualdade estrutural, mostrando que nem todos têm as mesmas oportunidades. Assim, “Utopia 2” usa ironia e realismo para expor tanto as ilusões pessoais quanto as coletivas, ressaltando que, para muitos, a utopia continua fora de alcance.