
Um Tostão de Chuva
Vadico e Vidoco
“Um Tostão de Chuva” e o preço do desrespeito no sertão
Em “Um Tostão de Chuva”, de Vadico e Vidoco, a chuva vira moeda para expor uma justiça maior. No “causo de roça”, o menino negro Sebastião, de fé simples, é perseguido — “por ser muito religioso… apanhava do patrão”. Em plena seca, aconselha o patrão a rezar e acaba morto. No velório, o fazendeiro humilha: “Tome lá negrinho… e que mande 10 tostões de chuva”. O uso dos diminutivos “negrinho” e “pretinho” evidencia o racismo e a hierarquia do campo sertanejo que sustentam a violência do patrão descrente.
A partir daí, a narrativa faz do dinheiro um símbolo direto: a moeda é desprezo e tentativa de “comprar” o sagrado; o pedido de chuva revela a fé de quem vive da terra; a zombaria vira blasfêmia e abuso de poder. Vem a tempestade que destrói a fazenda, e o espírito do menino volta com “novecentos réis de troco”, explicando que caiu apenas “um tostão” de chuva. O cálculo em réis dá corpo à metáfora (1 tostão = 100 réis; 10 tostões = 1.000 réis): Deus mandou só um tostão, e o restante virou castigo. Há duplo sentido em “troco”: é o resto da compra e também a resposta — “dar o troco” — aos maus-tratos e ao racismo. Predominam tristeza e revolta, seguidas de um assombro moral. A ironia do “tostão de chuva” encerra a história como lição de justiça implacável, simples e inesquecível.
O significado desta letra foi gerado automaticamente.



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