Maria Sem Vergonha

Empoderamento feminino e crítica social em “Maria Sem Vergonha”

Em “Maria Sem Vergonha”, Vanessa da Mata utiliza a ironia para transformar críticas sociais em versos que, à primeira vista, soam como conselhos tradicionais, mas na verdade expõem o controle sobre o comportamento feminino. Frases como “Não solte sua risada”, “Mantenha as pernas cruzadas” e “Batom vermelho é proibido” escancaram as restrições impostas às mulheres, mostrando como essas normas são internalizadas e perpetuadas em diferentes ambientes, das redes sociais às igrejas. O tom questionador da música se intensifica ao destacar que, mesmo em pleno século XXI, as mulheres ainda enfrentam “nova desorientação” e continuam sendo alvo de projetos de objetificação e repressão.

A personagem-título, “Maria Sem Vergonha”, simboliza a mulher que decide romper com essas amarras, assumindo sua liberdade e buscando felicidade sem culpa. Quando diz “Eu vou ali, não volto não / Vou ser feliz / Dançar com minhas ancestrais”, a canção celebra a coragem de se desvencilhar das expectativas sociais e se conectar com a força das mulheres que vieram antes. O verso “A sua vó não era chata / Era infeliz” traz uma reflexão sobre a repressão vivida por gerações passadas, sugerindo que a infelicidade era resultado das mesmas normas criticadas. Assim, “Maria Sem Vergonha” se destaca como um hino de resistência e autoafirmação, incentivando mulheres a não se prenderem a padrões que não as representam, pois “o tempo não volta mais”.