Paulista

Memórias e saudade na Avenida Paulista em “Paulista”

A música “Paulista”, de Vânia Bastos, destaca-se por transformar a Avenida Paulista, símbolo do ritmo acelerado e da modernidade de São Paulo, em cenário de lembranças afetivas e de uma paixão marcada pela saudade. O trecho “Os faróis já vão abrir / E um milhão de estrelas / Prontas pra invadir” mistura elementos do cotidiano urbano, como o trânsito e as luzes dos carros, com uma visão poética da cidade à noite. Isso sugere que, mesmo em meio ao concreto, há espaço para sonhos e sentimentos intensos. A canção reforça essa fusão entre cidade e emoção ao citar “jardins / Onde a gente aqueceu / Numa paixão / Manhãs frias de abril”, trazendo à tona memórias de um amor vivido no frio e na agitação paulistana.

O tom nostálgico se aprofunda quando a letra lamenta as mudanças da cidade: “Se a avenida / Exilou seus casarões / Quem reconstruiria / Nossas ilusões?”. A demolição dos antigos casarões da Avenida Paulista, substituídos por prédios modernos, funciona como metáfora para a perda de sonhos e de um passado que não volta mais. O questionamento “Conta onde passeia hoje / Esse seu olhar / Quantas fronteiras / Ele já cruzou / No mundo inteiro / De uma só cidade” amplia o sentimento de desencontro, mostrando como São Paulo, apesar de imensa, pode ser cenário de solidão e busca. O verso final, “É difícil hospedar / No coração / Sentimentos assim”, resume a dificuldade de manter vivas as emoções em uma cidade em constante transformação, tornando a canção um retrato sensível da experiência de viver e amar em São Paulo.