Pressa

Conflito interno e busca de alívio em “Pressa” da Varanda

A música “Pressa”, da Varanda, aborda a inquietação de quem se sente preso em si mesmo e busca alívio na presença de outra pessoa. O verso “Não aguento mais ser minha” expressa um cansaço existencial, mostrando o desejo de escapar da própria companhia. A figura do outro, descrita como alguém que “sempre flutua”, representa leveza e movimento, tornando-se ao mesmo tempo inspiração e motivo de frustração, já que parece distante ou inalcançável. Isso intensifica o sentimento de urgência e descompasso vivido pelo eu lírico.

Imagens como “perdi o ônibus”, “a fome não tá vindo nem com tônico” e “o bege sempre cresce no estômago” reforçam a sensação de paralisia e apatia, típicas de quem enfrenta ansiedade e falta de motivação. O bege, cor associada à monotonia, simboliza o vazio, enquanto a ausência de fome sugere falta de desejo ou energia. O pedido para ser levado “pra sua casa” e o desejo de “quebrar as abotoaduras” e “essa fivela” mostram a vontade de romper com as amarras da rotina e da própria identidade, em busca de algo novo e mais intenso. O contexto da banda, que mistura psicodelismo e brasilidade, aparece na letra ao criar um clima de estranhamento e busca por transcendência. “Pressa” traduz o conflito entre o desejo de mudança e a dificuldade de sair do lugar, embalado por uma sonoridade introspectiva e inquieta.