Cholo

Contrastes de poder e solidão em “Cholo” de Victor Mendivil

Em “Cholo”, Victor Mendivil explora o universo do crime organizado, misturando ostentação de luxo com referências diretas à violência e ao perigo. A letra traz elementos típicos dos corridos tumbados, como menções a armas — “M4, también porto el Mini Draco” — e à segurança armada, criando a imagem de alguém que conquistou respeito e riqueza, mas que vive sob constante tensão. O refrão, repetido ao longo da música, reforça esse clima de vigilância e ameaça, ironizando comparações com figuras como Bin Laden. Aqui, o termo “terrorismo” é usado de forma metafórica, indicando o impacto e o domínio do personagem em seu território, e não uma ligação literal com terrorismo político.

Mendivil, conhecido por transitar entre gêneros urbanos e abordar temas polêmicos, mistura marcas de luxo — “bolsita Goyard”, “Louis Vuitton”, “Giuseppe Zanotti” — com situações de tráfico e ostentação internacional, como “paseos en África” e “con los chinos, los tratos los hago con traductor”. Essa combinação de referências globais e locais reforça a ideia de um personagem que circula entre diferentes mundos, sempre protegido e cercado por símbolos de status. Ao mesmo tempo, a música revela o lado solitário e desconfiado desse estilo de vida, como em “lo que me falta es la gente, nomás viaja conmigo el que soborna presidentes”. Assim, “Cholo” retrata tanto o glamour quanto os riscos e a solidão do crime, funcionando também como uma crítica à superficialidade e ao isolamento que acompanham esse universo.