Tutankamon

Luxo e ironia histórica em “Tutankamon” de Victor Mendivil

"Tutankamon", de Victor Mendivil, destaca-se por unir referências do Antigo Egito a elementos do luxo contemporâneo e da cultura pop, criando uma narrativa que mistura poder, ostentação e ironia. O faraó Tutankamón é usado como metáfora central para explorar temas de grandeza e mistério, mas também para ironizar o conceito de legado e riqueza. Isso fica evidente em versos como “Me puse tan LSD en la tumba de Tutankamón” (Fiquei tão LSD na tumba de Tutankamón), que associa experiências psicodélicas a festas e excessos modernos. O visualizer oficial reforça essa fusão ao mostrar tumbas e faraós em cenários digitais e luxuosos, ampliando o tom de fantasia e exagero da música.

A letra exibe um estilo de vida opulento, citando criptomoedas, carros de luxo, marcas de alta moda e viagens internacionais, como em “Lavando criptomonedas, resulta ser efectivo / Carros que van saliendo al contado en efectivo” (Lavando criptomoedas, acaba sendo dinheiro / Carros que vão saindo pagos à vista) e “Me jalo al Burj Khalifa nomás a chingarme un taco” (Vou ao Burj Khalifa só para comer um taco). Essas passagens misturam situações absurdas com símbolos de status global, trazendo ironia e deboche. O trecho “Mensajes que traen claves que parecen jeroglíficos” (Mensagens que trazem códigos que parecem hieróglifos) brinca com a ideia de mistério e exclusividade, enquanto “chambeando, haciendo polvo, cargo a todo mis científicos” (trabalhando, fazendo pó, tenho todos os meus cientistas) sugere tanto atividades ilícitas quanto uma equipe de especialistas, ampliando o duplo sentido e a aura de segredo.

No geral, "Tutankamon" usa um tom descontraído e irônico para comentar sobre fama, riqueza e autenticidade, transformando o imaginário do Antigo Egito em uma metáfora para o luxo e o excesso atuais, ao mesmo tempo em que satiriza a busca por status e poder. O aviso inicial da música, “Las letras presentadas aquí son ficticias / Y cualquier parecido con la realidad, siempre es pura coincidencia / Jajajajaja” (As letras apresentadas aqui são fictícias / E qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência / Hahahahaha), reforça o caráter lúdico e crítico da obra.