Teatro de Revista
Vidal Assis
Se você arranhar os meus sonhos
Ou trouxer para mim pesadelos
Lhe prometo desembaraçar
Um a um os seus muitos novelos
Esses mesmos com que tricotaste
Toda a malha do nosso enredo
A comédia de falsos costumes
De revista, um teatro arremedo
E vais ver como desempenhaste
Sem talento e requintes cruéis
Essa farsa que foi nossas vidas
Reprisando os mesmos papéis
Já te vejo meio estremunhada
Recriando um velho personagem
Me acusando de ser um vilão
Paciência, é mais uma bobagem
Artifício de quem, no elenco
Necessita de um protagonista
Para estar nos letreiros do drama
Me recuso a ser esse artista
Já nos vejo bisando fracassos
Me desculpe, eu já fiz essa peça
Pense bem, nem abra o teatro
Que o desfecho já não me interessa
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