Samba-Enredo 2019 - Em Nome do Pai, do Filho e Dos Santos, a Vila Canta a Cidade de Pedro

“Samba-Enredo 2019 - Em Nome do Pai, do Filho e Dos Santos, a Vila Canta a Cidade de Pedro” entre fé, império e Petrópolis

O enredo reinterpreta a fórmula católica para alinhar fé e linhagem imperial: “Pai” aponta a Dom Pedro I, “Filho” a Dom Pedro II, e “dos Santos” convoca São Pedro de Alcântara e a religiosidade de Petrópolis. A narrativa parte da voz da Princesa Isabel — representada na avenida por Camila Morgado — que afirma “Vila, te empresto meu nome”, unindo a corte ao pavilhão azul e branco. O refrão “Viva a princesa e o tambor que não se cala” aproxima história e povo, enquanto “Por Deus e todos os santos” fixa o enredo no campo da devoção local. As imagens da serra — “a névoa formava um véu”, “Luar do imperador” — e o jogo “esculpida em pedras, pedros e coroados” moldam Petrópolis como joia imperial, “bordada em nobre metal”. O olhar afetivo — “Meu olhar lacrimejou / Em águas tão cristalinas” — sustenta o orgulho de “herdeiros de Isabel”.

A letra percorre marcos da cidade: “Petrópolis nasce com ar de Versalhes” remete à inspiração francesa do traçado urbano sob Dom Pedro II; “a luz assentou o dormente / fez incandescente a imigração” liga ferrovia e fluxo europeu. O “Baile de Cristal”, de tom “redentor”, conecta o Palácio de Cristal à abolição, quando “Liberdade, enfim, raiou” e Isabel, a Redentora, é evocada. “Não vi a sorte voar ao sabor do cassino” cita o Cassino Quitandinha e afirma que a identidade local não se reduz ao jogo; “segundo o dom que teceu o destino” brinca com “dom” (dádiva) e “Dom” (título). No fecho, “meu sangue azul no branco desse pavilhão / o morro desce em prova de amor” une nobreza simbólica e comunidade, alinhando a proposta do enredo do G.R.E.S Unidos de Vila Isabel (RJ) de agradecer e reavivar a memória imperial.