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Milonga de Sombras

Vitor Ramil

Letra

    As sombras que me rodeiam
    Virão um dia cegar-me
    Seus vultos lentos e escuros
    Incitam mudos alarmes

    O vidro das ampulhetas
    Espelha as sombras que sinto
    Na luz que aos poucos se afasta
    Perdida em meus labirintos

    A mão que empunha o destino
    E entre as sombras passeia
    Derrama sobre meus olhos
    Negros punhados de areia

    Um tigre manso e selvagem
    Nas cores forja o oposto
    Enquanto garras de sombra
    Insere contra meu rosto

    A noite áspera e longa
    Põe vendas em minhas vistas
    E em suas sombras perenes
    Me aflige e me conquista

    A mão que empunha o destino
    Punhais de sombra me entrega
    E me reflito, impassível
    Em suas lâminas cegas
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