Alegorias e Adereços

Crítica social e identidade em “Alegorias e Adereços” de VND

Em “Alegorias e Adereços”, VND faz uma crítica direta à superficialidade das relações sociais baseadas em aparência e status. A letra questiona o valor do afeto e do reconhecimento quando eles só aparecem após conquistas materiais ou superação de dificuldades. No verso “Por que me quer tão bem agora? Ela sabe que eu ainda tô fudido”, o artista expressa desconfiança diante de demonstrações de carinho que parecem depender de sua ascensão social, mostrando que o apoio verdadeiro é raro quando se está em situação difícil. Ao longo da música, VND insiste na dúvida sobre ser amado sem posses ou prestígio, evidenciando a fragilidade e a superficialidade de muitos laços sociais.

O título “Alegorias e Adereços” e referências como “carro alegórico” e “fantasias pesam como pedras no tornozelo” usam a simbologia do carnaval para criticar as máscaras e a ostentação valorizadas pela sociedade. O verso “corpo negro enjaulado” denuncia o aprisionamento social e econômico vivido por pessoas negras. Quando VND afirma “Tô desmontando os adereços” e “as joias e roupas, não levo nada daqui”, ele propõe a desconstrução dessas máscaras e defende a autenticidade e a autovalorização acima dos bens materiais. Assim, a música se transforma em um manifesto de resiliência e identidade, convidando o ouvinte a refletir sobre o que realmente importa nas relações humanas e na construção do próprio valor.